Arquivo da tag: O Tempo e o Vento

O Tempo e o Vento

– Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha, e nos grandes dou de talho!

Capitão Rodrigo Cambará, interpretado por Tarcísio Meira: saga do gaúcho

Nada melhor que começar com uma frase dele. A lenda, o mito, o único cara pra quem eu daria: capitão Rodrigo Cambará, combatente dos Farrapos e de tantas outras pelejas em solo gaúcho.

Bibianíca leitora, Bolivariano leitor, eis que estou na reta final da saga O Tempo e o Vento, de Érico Verissimo. Última parte do último livro do último tomo. E, mesmo sem ter terminado a obra, eis que tenho algumas considerações a tecer.

Será que sou o único a achar que os últimos livros não estão à altura dos primeiros? Pois li com sofreguidão, ainda na lira dos meus 18 anos, os volumes do Continente, que contavam a formação do Estado do Rio Grande do Sul. E foi com a mesma paixão que passei pelo Retrato, que continuava a contar a saga dos Terra-Cambará nos séculos XVII e XVIII.

Mas o que, na minha opinião, deveria ser uma epopéia, um fecho de ouro para tão rica escrita, o Arquipélago, que relata os dramas da família no começo do século XIX, inclusive a formação do Estado Novo, deixou-me de certa forma desapontado. Esperava mais.

Os livros, claro, são bons. Mas deixam a desejar, na minha opinião, em relação aos primeiros. Tanto que estou me obrigando a terminar, porque o tesão, a gana, já não existe há algum tempo.

Tanto que os personagens incríveis do livro, pra mim, são Bibiana, a velha de aço e vontade, além do indefectível Capitão Rodrigo, com seu charme imortalizado nas telinhas por Tarcísio Meira.

Mas talvez seja essa mesma a idéia do Verissimo. Mostrar a meiaboquetização do povo gaúcho – e, por consequência, do brasileiro – ao longo dos séculos.

Porque Rodrigo Cambará é apenas uma pálida sombra do que foi seu bisavô, o grande Capitão Rodrigo, assim como Maria Valéria herda apenas parte da grandeza de Dona Bibiana. Doutor Camarino nada é perto do grande doutor Winter e mesmo o Laco Madruga, inimigo de plantão, é quase nada perto da grandeza de Alvarino Amaral. Isso sem falar em Maneco, Pedro e Ana Terra, que começam a saga vindos de Sorocaba e mourejando na fronteira com os castalhanos.

Parece-me que Veríssimo tentou, intencionalmente, dar uma esfriada em seu romance, construir personagens mais chatos, mais desinteressantes, menores, por assim dizer, talvez justamente para glorificar os pioneiros que formaram o Estado riograndense.

Ou talvez seja meu jeito torto de ver o mundo. Who knows?